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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Pensar com neurónios "não-presos"


Simplificando, pode-se pensar apoiando a activação de ideias por dois métodos diferentes:

--> Step-Step - ou seja, criar um caminho (índice) e depois enchê-lo de ideias;

--> Plop-Plop - ou seja, criar uma manif (manifestação) cheia de ideias e depois dar-lhe um caminho.

Estes dois métodos têm sido usados há centenas de anos, por personalidades diferentes:


O Método Step-Step começa por definir um caminho de "ideias encadeadas" numa lógica que lhes dá sequência, depois cada uma é "cheia" por outras também sequenciadas em si próprias e continuando e complementando o step anterior,  ao mesmo tempo sendo o arranque para o step seguinte.

Desde modo, cada ideia está "presa" na anterior e vai "prender" a seguinte. Quando tudo está construído é difícil mudar a conclusão ou aceitar a possibilidade de outra conclusão, pois isso implicaria alterar muitas conexões dentro da estrutura, pondo em causa muito do trabalho já feito.

Assim, este método começa por definir em primeiro lugar o ponto de chegada que, no primeiro terço do caminho, tem alguma flexibilidade, mas a partir daí o resultado já obtido funciona como um "carril" (tipo efeito lock-in no marketing) donde é difícil sair. As possibilidades estão fechadas "lá fora", impedidas de entrar.

É um sistema que funciona bem em sistemas simplificados quando é "fácil começar pelo fim". Quando o sistema é complexo fazer isso é como "vendar os olhos para escolher o caminho a seguir". Assim, nestes casos, deve existir uma fase prévia pelo método Plop-Plop.

Por exemplo, no caso de Einstein, alguma notas em estilo Plop-Plop do Arquivo Einstein de Zurique:

(carimbo:Arquivo Einstein 3-006)

Representa um estudo de 64 = 65, ou seja,

é um antigo puzzle com 2 rectângulos de 5x3,
2 triângulos rectângulos de 8x3 e 2 de 5x2,
em que:
- se com eles se fizer um quadrado de 8x8 a área é de 64;
- mas se se fizer um rectângulo de 13x5 a área é de 65,

ambos possíveis com as mesmas peças.




No mesmo Arquivo encontram-se também notas com o estilo Plop-Plop sobre "movimento em superfícies curvas", com algumas noções chave de nova teoria na arena da Física clássica:


repare-se que metade de cada página está invertida (de pernas para o ar) em relação à outra metade.

O Método Pop-Plop funciona doutro modo.

Enquanto que na anterior se usa papel na vertical, de preferencia com linhas ou quadriculado, escreve-se de cima para baixo e estruturam-se as ideias à medida que se escreve, numa ordem já definida.

No Plop-Plop usa-se papel sem linhas ou quadrículas, escreve-se na horizontal e do meio para a periferia, com espaços vazios entre as ideias escritas.
A intenção é deixar que as ideias saltem aleatoriamente (nunca o é), apenas se procuram escrever perto de outra(s) com quem se pensa conectada. Assim o espaço vazio é uma espécie de solicitação a escrever.

Depois deste "brainstorming" rápido fazem-se conexões entre ideias com círculos ou setas e um perfil de estrutura começa aparecer. Quando tudo "amadurece"com novos acrescentos, a conclusão surge e passa-se à fase lógica do Step-Step.

Algumas séries policiais na TV já mostram este método.

Sherlock Holmes
No plano pessoal eu uso muito o método dos guardanapos:



No café da manhã entro em "meditação solta", ou seja, em torno de uma ideia surgida muitas vezes por plop, deixo que os plop continuem a aparecer com o método cientifico de "á balda", apenas os escrevo em guardanapos, à medida que aparecem.



Tem várias vantagens:
- são meio transparentes, depois de escritos lêem-se mal, portanto não influenciam o que vem a seguir, isto é, estou sempre a voltar ao principio;
- são suficientemente grandes para escrever mais que uma ideia e relacionar algumas;
- são suficientemente pequenos para precisar doutros, logo começo várias vezes sem nada escrito;
- são suficientemente médios  para os juntar e ter uma certa visão de conjunto e alterá-los para ter outra.
- estragam-se com facilidade e não deixam ler muito bem, portanto, tenho que os passar a limpo com brevidade.

E…voilá…é altura de entrar no Step Step.

Foi assim que hoje nasceu este blog, com a mãe na mesa ao lado a ajudar a filha com uma redacção para a escola, usando um step-step rígido.

domingo, 27 de outubro de 2013

Infelicidade é uma droga a precisar da associação "Infelizes Anónimos"

Estive a ler um estudo de sociologia-antropologia sobre o Hawai,

É um Deus que ri (lábio superior)
ou zangado (lábio inferior) ?
suas tradições, cultura, religião, navegações antigas, etc, ao mesmo tempo que ouvia CD's de Israel Kamakawiwo (sou fan e aconselho).

Encantado com as perspectivas culturais, começo pelo Deus cuja face é alegre ou zangada consoante o estado de espirito de quem "O" vê e para onde olha, o que facilita a comunicação Deus-Crente, que é sempre só com uma via...pois duas vias são perigosas.

PS - Falar com Deus é bom, chama-se rezar, significa que sou crente e a solução é ir à Igreja, mas
Deus falar comigo é mau, chama-se delirar, significa que sou esquizofrénico e a solução é ir à Psiquiatria.

A propósito de religião leio algumas considerações sobre a vida e, num refraseamento livre, percebo que: - "Infelicidade é uma espécie de vírus psicofisiológico que nos contamina e do qual ficamos viciados". (ver técnicas de Hoʻoponopono feita por um Kahuna).

Pensei logo nos "Alcoólicos Anónimos" e, nesta perspectiva, lembrei-me que talvez fosse útil criar os "Infelizes Anónimos" com a mesma metodologia.

Num exemplo:

O Manel desconfia que o andam a perseguir e lhe querem fazer mal. 
Na rua, com o medo, a adrenalina corre-lhe nas veias, sente-se vivo e atento a tudo, hipersensível a quem anda à sua volta e vibra com movimentos perto de si. O mundo é um caleidoscópio de estímulos que o excitam, tornam-no activo e lhe dão minutos/horas de intensa energia.

Mas afinal o Manel tinha razão, a policia descobriu e prendeu o perseguidor. Tudo regressou à calma.

Agora a adrenalina desapareceu, a rua é monótona, os estímulos não estimulam, a vida não tem interesse. As sua células precisam do que tinha antes, estavam habituadas à sobrecarga e essa necessidade é urgente.
O Manel cria uma paranóia, agora andam "fantasmas" a persegui-lo. A rua voltou a ser um mundo excitante para viver. A perseguição é a droga que precisa para viver fora da monotonia.


Jung escreveu bastante sobre a construção de falsas estruturas dentro da mente humana, projectando-as para fora, criando assim uma realidade "errante", sobre a qual a personalidade se focaliza, chegando a projectá-las noutros ou nas circunstancias.

Este jogo mente-corpo é feito no "tabuleiro" das células pelos vários tipos de neurotransmissores a circular "mensagens" no sistema de comunicação dos neurónios. Um deles a endorfina (endo (interior) + morfina) com cerca de 20 tipos é a chamada "droga da felicidade", funciona para "apoiar naturalmente" as dores físicas e psy.

Estar infeliz por actos, palavras, pensamentos pode ser uma maneira de "consumir naturalmente alguma droga", a morfina interior (endorfina). Dizer mal de tudo ou constantemente "ver a garrafa meio-vazia" pode ser o mesmo que "escarafunchar no dente que dói", procurando a alegria da dor para ter o prazer da cura (endorfina).

Torna-se um adito da infelicidade e, quando não tem esta droga, sente falta dela como os alcoólicos com o álcool. A auto-indução "Eu sou um alcoólico, hoje não bebi" poderia ser utilizada aqui, com  a fórmula "Eu sou um infeliz, hoje estou feliz".

Convém não confundir o mal-estar em que se está mergulhado, com a atitude de por ele estar possuído.
Neste caso (possuído) não só se vive disso numa espécie da Síndrome de Estocolmo (quando as vitimas de rapto se identificam com os raptores) como encharcam tudo e todos à sua volta com a visão de mal-estar etéreo.

Na cultura dos indios Lakota (Sioux) (USA) quando os Deuses gostam de uma pessoa põem-lhe um perseguidor a persegui-la para a obrigar a desenvolver capacidades. O mal-estar é uma prenda dos Deuses.

Noutras palavras, o mal-estar é um desafio para provocar a adrenalina do desenvolvimento e não é uma desgraça para trazer a adrenalina do definhamento. Deve ser alegria pela garrafa meia-cheia e não  tristeza pela garrafa meio-vazia. A questão importante é que, quer uma quer outra, provocam a contaminação da tribo.

Regressando ao inicio (Hoʻoponopono) a infelicidade será um processo de dentro para fora, uma forma de aditismo por uma intoxicação psicofisiológica. De fora para dentro não há infelicidade, só há problemas a resolver ou a ser por eles possuído.


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Possibilidades, decisões embebidas e 5 experiências

[ver Blogs:
- A vida e o jogo das possibilidades, Newton ou Quântica?
- Viver possibilidades, Matrix e caminhar no fogo ]

Todos nós temos múltiplas possibilidades de viver "possibilidades potenciais" se se usar "decisões embebidas", ou seja, decisões baseadas em "intenções".

Entende-se por intenção uma opção embebida em emoção, isto é, quando os neurónios são percorridos por correntes intensificadas de bioelectricidade, produzindo um campo electromagnético pessoal de forte potencial.

Porém, a nossa perspectiva de vida ainda está formatada pelo século XVII acompanhando as ideias de Isaac Newton, na época mentalmente "aquartelado" na MacroFísica, apesar de hoje " muita água ter passado debaixo da ponte". É preciso mudar de perspectiva.

Hoje, nas escolas ensina-se a MicroFísica do mundo atómico, utilizando o modelo "astronómico" do átomo, com um núcleo central rodeado de electrões que percorrem uma órbita à sua volta:


mostrando que, basicamente, o átomo tem 99,999% de espaço vazio.

Mas este modelo já foi entretanto actualizado e o espaço vazio não é espaço vazio… é "O" Field (campo) ou Matrix que impregna tudo, é omnipresente e é a base onde tudo existe.

O Field é "energia in-formada"(formatada de dentro ??), David Bohm (Prémio Nobel da Física) chama "in-formation" significando "uma mensagem que na realidade formata o recipiente" [a message that actually "forms" the recipient].

Os físicos quânticos chamam-lhe o "zero-point field" ou  só "field", o campo de todas as possibilidades:
"The field is our only reality" (Einstein) 
[O campo (matrix) é a nossa única realidade]

A base da vida não são reacções químicas pois estas são uma fase intermédia pós-interacção de átomos e estes são "apenas energia num campo de energia".

Este campo, que se conecta com tudo (onde está tudo) (que é tudo) que existe, é a Matrix onde toda a informação existe (onde passado, presente e futuro existem ao mesmo tempo), que está "aquém e além de tudo e é a Força do UNI-verso" e do MULTI-verso.

.…Uhau! Uhau!…isto também somos nós.

Quando nascemos somos átomos que colapsam da matriz e quando morremos somos átomos que "des-colapsam" da realidade e retornam à matriz…"és pó e em pó te tornarás".

PS - Quem estiver interessado em checkar o "ser pó e voltar a ser pó" nos paradigmas existentes e que fazem parte de tradições religiosas e agora das científicas:
- Biblia: (Gênesis 3:19), (Jó 10:9), (Eclesiástes 3:20), (Eclesiastes 12:7).
- Budismo: Lei Mística, a vida quando nasce é uma onda que aparece no oceano do Universo de que faz parte e quando morre ao oceano retorna.
- Hinduísmo: Roda de Samsara, ciclo de transmigrações até à iluminação e então, quando se alcança, re-torna ao verdadeiro ser.
-Panteísmo (de um modo geral): nascer é in-carnar, depois viver é individualizar essa incarnação, morrer é voltar à "massa" comum, por des-incarnar.

Dentro desta perspectiva, toda a vida está relacionada com a Matrix, toda a vida É A MATRIX colapsada.

A ser verdade (??)… a questão que agora se coloca é como, na prática, se podem usar essas múltiplas possibilidades potenciais inerentes à vida. Noutras palavras, é procurar descobrir as "normalidades escondidas" utilizando a porta aberta pelas teorias quânticas e neurociência.

Esta posição não é uma atitude ou movimentação de fé religiosa, é apenas uma hipótese a ser testada em situações concretas. Não é uma pesquisa de existências divinas ou conversões religiosas, é apenas uma procura de praxis concretas num modelo que possibilitará (ou não) novas possibilidades de agir no quotidiano.

Na verdade, não é preciso saber algo de electricidade para ligar um interruptor e acender uma lâmpada, nem é preciso ser perito em Física de campos electromagnéticos para falar ao telemóvel, nem sequer ter fé em Deus(es) para não matar e socorrer outros, aliás as guerras religiosas provam não haver correspondência entre estes dois aspectos. O objectivo é apenas obter lucidez nas possibilidades potenciais existentes e descobrir o seu uso.


Vamos "sonhar" possibilidades do tipo "Firewalking":

Como ponto de partida, poder-se-á considerar o "Field como sendo um campo de energia in-formada" (David Bohm, Ervin Laszlo).
Ervin Laszlo,
Doutorado de Estado (o mais alto grau) da Sorbonne,
quatro Honorary PhD's, consultor da UNESCO,
Presidente do thinkthank "Clube de Budapeste".

Nesta linha de pensamento, a ponte poderá ser obtida por criação de ressonâncias electromagnéticas entre o Field e picos individuais de energia mesclada com informação, conseguidos por processos de "decisões embebidas".
A "decisão embebida" (opção+emoção) é uma informação activa num "recipiente" com intensificação electromagnética nos neurónios devido à emoção. Numa palavra, com "intenção".


O problema é como fazer o "embebido emocional".

Segundo alguns autores a sequência é:


ou seja, a porta de entrada é a emoção quinestésica, entendendo por quinestesia [do grego: kinesis (movimento)+aisthesis (sensação)] a sensação ou percepção do movimento (esquema corporal, posição, equilíbrio, espaço, tempo), que transmitem sinais para o sistema nervoso central e são oriundos quer dos orgãos, quer do sistema locomotor.

O desenvolvimento desta capacidade é fundamental no bailado, na ginástica acrobática, na ginástica olímpica no solo e aparelhos, nas artes marciais de escolas "sensitivas" (e não apenas "posicionais"), etc, pois aumenta a eficácia do uso e controlo corporal na motricidade fina em tempo rápido, por exemplo, piruetas no bailado, duplos mortais na ginástica, golpe/contra golpe com olhos vendados nas artes marciais.

Na prática

1ª experiência

De pé em relaxação, pés à largura dos ombros, braços caídos e não rígidos, joelhos ligeiramente flectidos.
  
A - procurar sentir a meia ou sapato ou solo na sola de um pé, depois no outro, depois nos dois;
B - sentir o solo e o peso que o corpo faz sobre ele;
C- inclinar-se ligeiramente para a frente, sentindo o peso deslocar-se ligeiramente para as pontas dos pés. Aumentar a inclinação e sentir o peso passar para fora do limite da área de sustentação (espaço definido pela posição dos pés) necessitando dar um passo em frente.
Retomar o equilíbrio e alterar a posição dos pés passando de paralelos juntos a paralelos separados, ou fazendo um angulo entre si.
D - Repetir, mas agora inclinar-se para trás, depois para a esquerda, depois para a direita até necessitar dar um passo para re-equilibrar.
E - Com base nas experiências feitas, oscilar o corpo "passeando" o centro de gravidade pela base de sustentação até ao seu limite sem nunca precisar dar um passo para retomar o equilíbrio. 
F - Terminar colocando o centro de gravidade corporal no centro da base de sustentação.

Variante base para evolução


Fazer a mesmas actividades mas só com um pé,
alternando entre o esquerdo e o direito.

Exige maior domínio da sensibilidade e controlo
muscular, pois a base de sustentação é menor e
tem menos apoios para flutuações laterais.



Pós-variante 1 - Repetir com olhos vendados, não apenas fechados pois psicologicamente as varáveis são outras.
Pós-variante 2 - Verificar qual é a posição mais controlável: pernas rígidas ou flectidas (muito ou ligeiramente); pés juntos ou afastados (mais ou menos que os ombros); pés paralelos ou em ângulo e qual o tamanho do ângulo e qual a vantagem ou desvantagem deste para oscilações frente, trás ou laterais.
Pós-variante 3 - Fazer actividades semelhantes quando sentado, consciencializando sucessivamente a sensação do assento, costas (à esquerda e direita etc);
Pós-variante 4 - Dançar na discoteca e deixar fluir a música no corpo, sentindo os músculos responder às propostas musicais (um pouco a técnica dos bailarinos). Se dançar com par, além de sentir estes sincronismos, procurar também sentir e responder às propostas de movimentos do par, sincronizando-se e sugerindo movimentos (um pouco a técnica da "dança" nas artes marciais).

A finalidade deste treino é aumentar:
- a sensibilidade da consciência e controlo corporal no movimento espacial;
- o domínio consciente e emocional do equilíbrio, do "peso" e da sensação da gravidade no corpo;
- "decisões embebidas" nas decisões do acto motor.

2ª experiência
A - Sentado em relaxação, fazer festas devagar com a palma da mão tocando ligeiramente a pele do outro (pessoa ou animal), mas procurando sentir o seu "interior" (numa imagem de um mestre oriental "sentir os ossos"). O mais fácil é começar pelo calor, depois a consistência do corpo e por fim o "peso da sua densidade".
B - Depois, com olhos vendados, procurar repetir tentando pela sensação controlar a distância a que coloca a mão, nem muito perto, nem muito afastada. 
Se existir um observador, ele poderá indicar a distância a colocar a mão: um punho, 1 palmo, 2 palmos.
Costuma ser usado em treino de sensibilidade na "dança da luta" com olhos vendados em algumas artes marciais.

Obs:
1 - Fazer festas não é dar massagens, nem esfregar e muito menos activar, é uma forma de sentir e comunicar com outrem.
2 - Fazer festas a um cão, não é penteá-lo, nem alisar o pêlo…é conversar com ele.
Se um cão sente uma mosca, também sente a mão e se o toque é amigo ou "embuste", não é preciso dar palmadas para ele sentir.

Por experiência pessoal, um cão com festas de "superfície" chega a "adormecer". Com festa normais, como estão treinados aguentam e abanam a cauda, mas quando elas são festas "neuróticas" vão-se embora, ou rosnam, abocanham, mordem, depende da festa, da prévia educação canina e do "emmerdeur" que o está a chatear.

3ª experiência

Em casa, vendar os olhos e tentar mover-se por ela sem tocar em móvel nenhum. 
O objectivo é procurar incorporar a memória visual e tridimensional do espaço com o controlo do movimento corporal na realidade dos obstáculos existentes.
Tocar num obstáculo não é o problema, o problema surge se choca ou bate fortemente.
Tocar levemente significa "sensações de proximidade", capacidade fundamental nas artes marciais. Neste caso o caminhar é controlado por "decisões embebidas".
Pode ser feito ao ar livre em floresta, sendo usado em treino de infiltração militar, chamado "o deslizar da água".

4ª experiência

Colar na parede com "fita de pintor"(que não estraga a parede) um papel de seda (30x10 cm) tendo pendurado no outro extremo um peso cilíndrico com um diâmetro de 0,5 a 1 cm:


O objectivo é rasgar o papel com um soco dado com os nós dos dedos.
A pancada tem que ser dada com força controlada e rapidez mas sem bater na parede, pois a consequência é não rasgar o papel e esfolar ou ferir os dedos, dado que a distância é entre 0,5 e 1cm junto ao peso, mas diminuindo para o topo.
Não é um problema de força, mas sim de controlo espacial, velocidade e domínio neuromuscular.
O importante não é a potência do soco, mas o controlo da paragem e a rapidez e velocidade do "retirar" a mão.
A decisão e os controlos do agir têm que estar bem "embebidos" nos sistema neuromuscular.



5ª experiência para finalizar

Um carro com alarme e chave com controlo remoto.

Por experiências ir-se afastando do carro até a chave deixe de ter alcance, isto é, deixe de funcionar.
Afastar-se mais um metro e fixar/marcar o local.
Aproximar-se outra vez um pouco para que a chave torne a funcionar.

Respirar e relaxar procurando intensificar a sensibilidade quinestésica, sentindo o peso da gravidade em todo o corpo (vide 1ª experiência).

Respirando e relaxando, segurar a chave com as duas mãos junto ao peito. Procurar sentir o seu peso nas mãos e do objecto junto ao peito. Visualizar a energia electromagnética existente na chave a passar para as mãos e a existente nas mãos a passar para a chave, o que realmente está acontecendo dadas as características electromagnéticas do controlo remoto e da bioelectricdade do corpo.

Devagar, afastar-se outra vez do carro até a chave deixar de funcionar.

Comparar esse sítio com a marca anterior, se estiver mais afastado a chave adquiriu capacidade para uma distância maior. Se o limite for inferior o processo foi inverso. Se estiver na mesma, o processo "embebido" não funcionou. 

Qualquer que seja o resultado é sempre interessante pensar, num ponto de vista estatístico, "quantas vezes se decide sem implicação". O mais vulgar é isso acontecer em relações rotineiras com pessoas próximas, e menos vulgar em relações esporádicas com "risco" social elevado.

PS - Esta situação de decisão sem implicação é vulgar quando se decide para filhos sem se implicar com o conteúdo da decisão (decide-se por rotina). Porém, rotina ou não rotina, esse conteúdo e suas consequências são fortemente implicadas para o filho.

Como ex., basta ver Pai-filho ou Mãe-filho na Pastelaria quando este pede algo, em que o pedido para o filho não é rotina, mas a decisão de resposta é rotinada. Não me refiro aos conteúdos, refiro-me à atitude decisional na relação pedido-resposta. Já cheguei a perguntar o que era e a resposta foi - "Não sei, quer qualquer coisa !!!"


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Checkar, recheckar, rerecheckar…SIM...NÃO…MAS...



Seattle Times, 1981
Steve Titus, em Outubro de 1980 foi acusado com provas e testemunhos ter violado uma jovem de 17 anos. Julgado em Tribunal é condenado.

Durante o julgamento, as "provas" acumuladas foram durante dias checkadas, re-checkadas, re-re-checkadas por advogados de acusação, advogados de defesa, pelo grupo de jurados e… a conclusão foi culpado e condenado. 

No ano seguinte, por pressão de uma investigação do Times, o verdadeiro culpado é preso e Steve Titus é solto. Não foi um fim feliz. 

Steve passou de saudável a doente, de parceiro feliz a solitário infeliz, de empregado a desempregado. Põe um processo à polícia e dias antes do julgamento morre com um ataque cardíaco por stress. Tinha 35 anos.
Comentário do
Sargento Detective Dave Hart, Policia de Seattle -"Sentimo-nos mal com o acontecido, mas acredito que todos tentaram fazer o seu trabalho".
PS - Se o seu trabalho incluía condenar inocentes, então tentaram e fizeram, se não incluía tentaram e não fizeram.

Fazer o seu trabalho é importante, checkar, re-checkar, re-re-checkar é prioritário, mas não fazer asneiras é o objectivo fundamental. Todavia, há imensos casos de inocentes considerados culpados e culpados considerados inocentes.

Gosto do termo "evidência" (USA: evidence),  em substituição do termo "prova".

"Evidência" é um vestígio que se destina a ser avaliado, susceptível de ser (ou não) prova de qualquer coisa, ou ser prova de SIM ou ser prova de NÃO.
Ou seja, é algo que se destina a ser pensado e ser (ou não) considerado prova como resultado desse pensar. Numa palavra, ser (ou não) prova é consequência do observador.

PS - Perspectiva Quântica: "O observador faz parte do observado" e não Perspectiva Newtoniana: "O observado é independente do observador".

O substantivo "prova" é um vestígio que já vem com "farda" de validado, é algo que à priori já vem vestido de certificação. Se não se concorda tem que se des-provar…e se não consegue, então, a ausência de des-prova é prova de validação. Anda-se pelo mundo fictício da ilógica.

O checkar, recheckar, rerecheckar com o seu SIM... NÃO… MAS... pode ser feito na perspectiva quântica (- Qual a minha influência pensadora??) ou na perspectiva newtoniana (- Sou neutro, só concluí o que lá está !!!).

Esta diferença implica técnicas diferentes.

Aprofundando:

Por um lado, quando se vai checkar, pode-se confirmar um ou dois níveis: 

- a fonte (origem) da evidência 
e/ou 
- o conteúdo da evidência.

Por outro lado, uma evidência é um registo, uma "pegada" deixada pelo acontecimento. Sendo assim, uma evidência tem que ter um suporte material que pode ser:

- marcas na realidade;
- escritos (papel, computador, quadro..);
- imagens (fotos, vídeos…)
- memória (testemunhos, reacções, emoções,…)
-…

em que qualquer deles é sempre resultado de uma "filtragem" (selecção de parcialidades) feita pelo seu autor. Ou seja, os conteúdos estão sempre directamente ligados à fonte, dependem desta. Não se podem separar.

Um exemplo:

Se eu fosse ao futuro e comprasse o jornal do dia seguinte onde vinha a notícia da minha morte, ao regressar ao presente, qual era a única certeza que tinha se soubesse que esse futuro não era alterável??

Se está a pensar que morreria no dia seguinte não é verdade, nunca teria essa certeza. O jornal não era prova disso, por muitos que check's e recheck's que fizesse.

A única evidência que teria é que tinha sido publicado no jornal.

Não se pode separar a noticia do observador que a escreveu, viu, testemunhou, seleccionou.

Conclusão

Checkar, recheckar, rerecheckar…SIM…

MAS… apenas para obter evidências para pensar e não para validar.

A noticia de jornal que apresentei no início (admitindo que a fonte Internet é verdadeira e eu transcrevi correctamente, o que terão que confirmar/checkar) não dá qualquer prova de verdade acerca do acontecido com o Steve Titus, que pode ser um mito dos média. A única confirmação é que saiu no Seattle Times.

A diferença de checkar para validar ou checkar para pensar foi agudizada com a Internet.

No PRÉ-INTERNET as informações valiam o que valia a fonte (o professor, os pais, as instituições, o governo, os lideres, etc). Quando a fonte era validada a informação era verdadeira. 
Se muitas fontes válidas validam então então a informação é a voz de Deus [vox Dei est].

Admitindo que se aceita o conteúdo, a angústia de aceitar uma informação como válida é resolvida se se conhecer as fontes onde se foi encontrada. Normalmente, estas fontes nunca são lidas porque não se pretende aprofundar, mas apenas garantir a validação.

É uma cultura do "pensar reduzido e validação intensificada". 

No PÓS-INTERNET a situação mudou…é cultura do "pensar intensificado e validação reduzida".

Não só se sabe que qualquer conteúdo depende do observador que seleccionou o "bocado" registado e esqueceu outros "bocados", como se sabe também que ao registar acrescenta detalhes pessoais, não só ao escrever na escolha de palavras, construção da frase, etc, como ao fotografar/filmar  no angulo escolhido, pormenor ou conjunto, etc, como até ao memorizar não vendo ou acrescentando pormenores, muitas vezes inconscientemente como no caso das testemunhas do Steve Titus, ou profissionalmente no caso de fotógrafos e realizadores de cinema.

Realmente as "provas" (com check e rechecks) não provam nada, a garantia do "His Master Voice" acabou. Checkar não são "provas de validar" são "evidências para pensar" e aqui os registos dos check's feitos são importantes para poupar trabalho pessoal de pesquisa. Ou seja, não substitui o trabalho pessoal de pensar, apenas facilita a obtenção de recursos para isso.

Para terminar um exemplo interessante.

Andam na Internet dezenas de blogues, artigos, revistas, livros de autores conceituados (ex., Rupert Sheldrake, Ed. Piaget, Lisboa) sobre uma teoria da mudança social chamada "Os 100 macacos". 
O modelo baseia-se numa experiência de cientistas japoneses em 1952 que mudaram comportamentos alimentares de macacos isolados numa ilha.
A experiência que durou alguns anos, mostra a evolução da mudança na dinâmica inter-gerações. Em determinada altura apareceu também como conclusão o facto de ter existido a mesma mudança comportamental em macacos de outra ilha distante e isolada desta.

A partir daqui surgiu a hipótese de que, quando o número de indivíduos com comportamentos alterados ultrapassar um certo limite quantitativo, então outros indivíduos da mesma espécie fazem "naturalmente" a alteração.

Assim, esta experiência de 1952, começou a ser a base de muitas hipóteses de pesquisa e aprofundamentos sobre conexões, por ex., os campos morfogénicos do biólogo Sheldrake, as sobreposições quânticas ligadas às intenções, o efeito de rezas em grupo, etc.  

O interessante é que na experiência de 1952 essas conclusões não existiram. Simplesmente essa ausência de prova não prova que não seja possível a sua existência, como parece ter sido tentado com êxito na Televisão australiana com a difusão de símbolos.

Todavia, a cultura pré-internet ao ver que a experiência de 1952 nesse aspecto era um mito mediático, recusou também validar os campos morfogénicos, o que obrigou Sheldrake a vários debates e confrontações na TV, porque citava isso nos seu livro a propósito dos referidos campos.

Checkar não é importante para se ficar sossegado com a certeza da informação, é importante para facilitar saber para onde se vai. Com chekagem ou sem chekagem o importante é saber o que faço/penso com isto…e isto é que é importante.

A informação não é importante por causa de onde vem (checkar para validar), é importante por causa de para onde vai (checkar para usar). Pode vir de sítio errado e originar ir para sítio certo

A experiência de 1952 existiu ou não ? Não sei, mas interessa-me saber se os campos morfogénicos existem ou não. A TV Australiana preocupou-se em testar os campos? Não sei, mas se quisesse e pudesse testar iria bisbilhotar a TV australiana. O checkar dá-me um ponto de partida e não um ponto de chegada para descanso.
Checkar SIM… MAS para obter recursos para pensar e não para garantir a sua validação. 
Hoje o tempo do His Master Voice acabou… a não ser como um bom ponto de partida e não como um bom ponto de chegada.

A angústia de não saber se o Desconhecido é verdade (ou não) é o Sal da Vida.


domingo, 20 de outubro de 2013

Experiência com macacos e Democracia


Um grupo de cientistas foi contratado para ensinar, em poucos dias, um grupo de macacos a escrever à máquina.

Resolveram usar a técnica das boas dactilógrafas, em que cada um dos dedos da mão esquerda tecla em grupos de letras do lado esquerdo e os dedos da mão direita teclam em grupos de letras do lado direito.
Os polegares usam-se na tecla do meio (espaço).

Um método eficaz e eficiente de escrever à máquina.


Os macacos entusiasmaram-se e aprenderam rapidamente.
Os dedos acertavam nas teclas ensinadas, não trocavam de dedos nas teclas, sendo cada uma usada com o dedo correcto, não teclavam duas teclas ao mesmo tempo e as letras apareciam com rapidez no papel.

Fizeram-se testes reais de competição com dactilógrafas eficientes. 
Como resultado do treino, os macacos apresentavam uma velocidade de escrita superior ao das dactilógrafas e o tempo de aprendizagem necessário foi cerca de 50% inferior.

Os investidores e os cientistas estavam muito contentes com a experiência e as futuras potencialidades do uso das máquinas de escrever, considerando a futura mão de obra disponível.

Agora... o que foi difícil de ensinar aos macacos foi aprender a ler e a escrever.




Na democracia, em alguns países também se têm feito experiências científicas com insucessos semelhantes (felizmente não em todos).

Sendo a democracia uma técnica de decisão em conjunto, vários grupos de representantes são eleitos para esse trabalho.

Nos países em causa com experiências falhadas, os eleitos aprendem rapidamente as técnicas de consensos, negociação nos conflitos, utilização eficaz dos lobbies, fazer relações públicas e conversas diplomatas, criar rede de amizades, usar automóveis, roupas e hábitos de status elevado, falar em público, esconder bem os "telhados de vidro", guardar cartas na manga para épocas de crise, trocar favores, etc,...numa palavra, produzir decisões em comum.

Agora...aprender a decidir bem e não fazer asneiras é que não foi possível.

Assim, nestes casos, macacos e eleitos, têm um  diagnóstico semelhante.

1º - O problema não está nos macacos, nem nos eleitos;
2º - O projecto é que está definido com defeitos;
3º - A incompetência está em quem concretiza o projecto, os investidores no caso dos macacos e os eleitores no caso dos eleitos.

No caso dos macacos, o objectivo não era para aprender a escrever na máquina, era para aprender a escrever texto na máquina, isto é, não bastava escrever letras, era preciso escrever letras que dessem sentido às frases produzidas.

No caso da democracia, o objectivo não era para decidir em comum na Assembleia, era para  decidir BEM E NÃO FAZER ASNEIRAS nas decisões em comum na Assembleia.

Realmente, não há vantagem nenhuma em ter um sistema político que...

DEMOCRATICAMENTE faz ASNEIRAS nas decisões.

Democratas, ou não, asneiras são asneiras. As asneiras não passam a ter consequências boas pelo facto de serem decididas democraticamente, isto não é desculpa para parvoíces…antes pelo contrário, aumenta a culpa, isto é, a não-desculpa.

Penso que para resolver o problema, as análises a fazer não são sobre os eleitos, são sobre os eleitores.
Não serve de nada comparar eleitos do lado falhado com eleitos do lado com êxito, o que interessa é comparar os  eleitores de lado falhado com os eleitores do lado com êxito.

Tem que haver algum "cientismo" correcto nestes processos de diagnóstico.


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Viver possibilidades, Matrix e caminhar no fogo

A Matrix e o Neo, com a sua possível escolha entre a pílula vermelha e a azul, representam as duas hipóteses de vida, uma (azul) viver dentro do mundo fechado do córtex e a outra (vermelha) viver com a "cabeça" espreitando para além desse limite, olhando as possibilidades potenciais que nos envolvem e aonde pertencemos.

cena do filme Matrix
Quando Neo escolhe a pílula vermelha, escolhe aceitar a realidade da teoria-M, a teoria M(other) de todas as teorias ou M(atrix), uma variante da Teoria das Cordas da Física, com suas 10 dimensões e mais 1 (o tempo), ele escolhe entrar no mundo complexo das possibilidades em potencial.

O alquimista
Na prática, estas teorias ou hipótese científicas, sem entrar nas complexidades teóricas e matemáticas da Física (vide Einstein, Hawking, etc) e usando uma linguagem medieval, significam apenas um esforço de "esticar o pescoço para fora da normalidade" para encontrar  a "normalidade escondida". 
São uma variante moderna (dita cientifica) dos trilhos da alquimia medieval (dita não científica), mas com o mesmo objectivo: espreitar para além do óbvio, para o desconhecido.

Na verdade, de uma forma mais ou menos clandestina e perseguida, o ser humano sempre andou a pisar os limites do possível, entrando no aparentemente impossível.

Realmente o percurso de vida é apenas uma sequência de experiências, ou seja, uma sequência de vivências interpretadas pelo córtex. Interpretadas quer dizer conectadas a registos existentes em stock, e criadoras doutro registo. Portanto, repetir uma vivência é sempre criar uma experiência nova pois o stock a conectar já não é o mesmo, por isso a 2ª leitura de um livro nunca é igual à 1ª leitura.







Regressando ao Neo e à sua pílula azul, o que ela significa ?




O Olho e a TV


O olho não tem nada lá dentro excepto mecanismos para levar sinais eléctricos (estímulos) ao córtex. É uma espécie de antena a captar sinais para o aparelho de TV. Tudo acontece no cérebro e no aparelho receptor.



Depois dos sinais recebidos, quer o aparelho TV quer o córtex transformam esses sinais e criam um objecto virtual. 
Na TV esse objecto virtual (imagem, som) é transmitido para o exterior, mas no córtex é transmitido só para o interior, para si próprio. É um sistema em auto consumo, só o córtex vê o que produz

Segundo algumas teorias, ele projecta um holograma desse resultado e a nossa visão da realidade é a visão desse NOSSO holograma…cada um vê o que o córtex consente (como ex., a "cegueira à mudança").


Vendo o holograma como real: -"Hoje estás muito contente"
Por outro lado, a TV não tem consciência do resultado, mas o córtex tem, pois assiste ao que produziu e agrega-lhe conexões já existentes, tais como, nomes, emoções, significados, etc. É produtor e consumidor único em constante interacção…quando produz vê e altera se necessário.

Se o aparelho TV também visse a sua própria transmissão, acreditaria que o mundo exterior era o filme que passava no écran. Se todos os aparelhos de TV estivessem a receber os mesmos estímulos (sinais) do mesmo canal, todos concordariam que o mundo onde viviam era esse mesmo filme que estavam a ver. Seriam uma espécie de seres mergulhados no seu próprio umbigo, ou seja, seria o Neo do filme Matrix se tomasse a pílula azul.

Isto significa que, para a pessoa que dorme, o sonho construído no cérebro é tão real como a realidade construída no cérebro quando está acordado, ou como a realidade construída quando está drogado. 

Se, desde que nasce até que morre, sempre estiver a dormir, estimulado directamente no córtex a  viver através dos sonhos criados, … se acordar … e for estimulado indirectamente pelos sentidos, pensará que está a dormir e quererá voltar à situação anterior de "acordado". 

Filme Matrix, Neo, com pílula encarnada,
acorda e vê os outros a viver de sonhos
A conclusão que surge é fácil, pois é uma pergunta velha como a filosofia: -" Andamos acordados ou a dormir???"

Como resumo e mantendo a analogia, nós somos uma espécie de projector fílmico que faz tudo:

- recebe sinais,
- a partir deles constrói filmes,
projecta-os para si próprio,
- e conclui que os filmes feitos são imagem da realidade exterior. 

Noutras palavras, o "acreditar" normal é acreditar que o cérebro vê "O" real. Conclusão interessante mas sem bases lógicas:

- "Se for daltónico com o verde, é o mundo que não tem verde ou é o córtex que tem bugs?"

Se a resposta for que são problemas do córtex, então a pergunta lógica imediata é: 

- "Então, porque é que são os outros casos que estão correctos?"

Se a resposta for porque a maior parte vê verde, então numa região em que os daltónicos forem maioritários (modificações genéticas) é a região que não tem verde? Se aparecerem mais minoritários que vêem verde, a região já tem verde?

Se o critério cientifico de validar a verdade é a quantidade de opiniões concordantes, então a religião verdadeira é a que tem mais crentes? No tempo de Cristo, Ele era minoritário, então não era verdadeira?
Ou seja, a creditação do(s) Deus(es) é por maioria humana? Nunca ouvi falar deste critério religioso.

Convém não se perder a lucidez lógica. É bom não esquecer que a maioria democrática não identifica o correcto, identifica o acordo. Pode haver uma maioria de 100% e isso significar apenas 100% de acordo na asneira. 
Tecnicamente,…estão democraticamente certos no processo e democraticamente errados no resultado.







Regressando ao Neo e à sua pílula vermelha, o que ela significa ?





O córtex e o queimar


A pílula vermelha significa criar condições para sair do fechamento do mundo virtual do córtex e "saltar" para o exterior, passeando pela Matrix, colapsando possibilidades. Numa analogia alquimista é "esticar o pescoço para fora da normalidade".

De um modo simplista significa "decidir a escolha de uma possibilidade". Simplesmente, por detrás desta simplicidade, o  "decidir" é complexo. Ele é o fulcro da questão.

Alguns autores falam (em tradução livre minha ) de "decisão embebida", significando uma decisão que "agarra o corpo e a mente" e não funciona apenas "da boca para fora". É uma decisão com consciência cognitiva impregnada de emoções.

Com maior ou menor intensidade, pelo menos uma vez na vida, todos temos uma decisão destas. Ela é  uma espécie de fronteira entre o ANTES  e o DEPOIS e é "decidida a ferros". Os bons realizadores de cinema fazem-nos viver estas decisões na vida de protagonistas e são normalmente cenas significativas do filme.

Uma "decisão embebida" é aquela que tem "double bind", isto é, um duplo vínculo conteúdo-atitude. 
Como analogia, a comunicação verbal tem sempre "colagem" à comunicação não-verbal, a palavra está sempre "colada" à atitude e esta é dominante no resultado. Palavras apaixonadas não funcionam com atitudes de aborrecimento.
A "decisão embebida" tem a mesma dinâmica.

Segundo pesquisas e hipóteses explicativas, e de um modo simplificado, a "decisão embebida" exige uma intensa integração cognitiva e emotiva, intensificadora da bioelectricidade nos neurónios. Este aumento provoca um alargamento e potenciação do electromagnetismo corporal, alargando o seu campo e modo de interferência no exterior (vide Física do electromagnetismo e indução). 

Em resumo:

Na pílula azul o que existe é "decisão zombie" onde o campo electromagnético não é intensificado, com a pílula vermelha vai existir a "decisão embebida" que cria um campo electromagnético intensificado:

com "decisões zombie"                   com "decisões embebidas"
possibilitando condições de colapsagem da possibilidade optada.

Em situações de crise as "decisões embebidas" surgem naturalmente, mas na rotina diária andamos vivendo de "decisões zombie" características da pílula azul.
Porquê ?

Porque uma baseia-se em "opções" (a zombie)  e a outra em "intenções" (a embebida). A intenção é uma opção integrada em atitude.
Não é um problema de vontade, pois não é a vontade que provoca intenção é a intenção que origina a vontade, do mesmo modo que não é falar-bem que cria expressão não-verbal, é a expressão não-verbal que origina o falar-bem.
É importante não trocar causa com consequência porque senão as formações são inócuas.

Um exemplo da colapsagem da possibilidade "correr saudável" pode ser obtido observando  "atletas de domingo" a correr nas ruas das localidades.

Se se reparar na sua leitura corporal, uns correm com "decisões zombie" arrastando o corpo atrás dos pés, exibindo Kalimeros em penitência. Outros, com "decisões embebidas" nos músculos, orgãos e mente, mostrando claramente como os pés "obedecem" ao corpo-mente unido na intenção de correr,  numa imagem de BipBip's em desafio.

Andar 50 metros no estilo BipBip é melhor que correr 1 Km no estilo Kalimero. Uns vivem o prazer e a alegria do movimento a caminho da juventude, os outros vivem o esforço de sacrifício e obrigação a caminho da velhice.


Na prática

Decidir de um modo ou outro não tem o mesmo resultado. As opções não são harmónicas a 100% nos factores envolvidos, isto é, elas contêm factores pró e factores contra não resolvidos a nível pessoal.
É a diferença entre a opção: -"Vou tentar…" com dúvidas endémicas a nível da atitude e a opção - "Vou fazer:.." com uma atitude bem definida, mesmo que em qualquer delas existam ainda dúvidas a nível do conteúdo optado.
Como exemplo:

Um jovem tem medo de saltar de uma rocha (ou prancha) para a água, apesar disso quer fazê-lo. Tem assim uma opção cognitiva clara mergulhada em contradição confusa na atitude, quer mas não quer (tem medo).

Enquanto assim estiver o bloqueio na atitude manter-se-á no momento de saltar. O normal é passar imenso tempo hesitando saltar, acabando por fazê-lo tipo "zombie" ou "saco de batatas" (principalmente se pressionado, diplomaticamente dito motivado), solução muito adoptada por monitores, família, etc. É um processo de regressão.

Pelo contrário, na "decisão embebida", momentos antes (2s,3s) ainda afastado do local de execução, ele tem que ter a atitude de "Vou fazer" e, no caminho para o local, mentalmente já está fazendo…saltar é apenas a continuação.

Agora, com medo ou sem medo, fá-lo-á consciente, pensando. Não é zombie", nem "saco de batatas", é pessoa. Coragem não é … não ter medo, fechar os olhos e fazer. Coragem é pensar, abrir os olhos e fazer, com medo ou sem medo. É um processo de progressão.



Uma aplicação: "O fogo queima"

Por experiência e normalidade social pôr a mão no fogo queima.
Assim, andar sobre o fogo é uma escolha possível ou é uma parvoíce evitável?
Com o preparo necessário é uma possibilidade de escolha humana ou milagre/prenda divina?

Porém…



…desde a idde Média até aos dias de hoje que se fala em "andar no fogo", quer em milagres divinos, quer em curiosidades a estudar.

A hipótese é simples:

Se pés descalços andarem no carvão de coque em brasa a 550ºC, queimam-se ou não ?
Se não, porquê???




Para experiência pessoal fiz o "caminho do fogo" e foi realmente possível, mas ainda hoje pergunto/pesquiso: Porquê? Como?

foto pessoal
Não estava drogado, não houve rezas aos deuses, não houve slogans nem marchas motivantes, nem obediências a "q'ridos líderes".

Houve uma preparação de 2 horas, constituída por alternância de activações, estiramentos, relaxações, concentração, visualização de movimentos e posições, tudo em ambiente de música suave.
Depois fomos para o campo, com a indicação de que a decisão de fazer (ou não) seria tomada lá.
Os que decidiram fazer e foram aceites…andaram os 10 metros no carvão (500/600ºC) e ninguém se queimou.
No meu caso pessoal, depois de fazer, fiquei entusiasmado e voltei para o início, querendo repetir. Não me deixaram dizendo que o "mood" (estado mental ??) tinha desaparecido.

Ainda hoje tento reconstituir como me sentia para decidir fazer (e que foi reconhecido) e que depois não existia. Realmente, recordando, sinto que, antes e depois, estava em "mood" diferente…mas ainda hoje tento definir o quê, qual a diferença e como posso repetir.

Vendo hoje os estudos sobre a "intenção" e a "zone", ambas pressionando a atitude inserida em emoção como criadora e intensificadora de campos electromagnéticos, é uma possibilidade possível. Eu lembro-me que momentos antes, descalço na relva e preparado para entrar, "eu via-me/sentia-me a andar no carvão" e começar "o caminho do fogo" foi apenas continuar a andar…daí eu querer depois repetir a passagem para sentir a mudança.
Aceitando esta hipótese, a experiência foi apenas andar dentro de um campo electromagnético intensificado:


Para terminar


As possibilidades estão aí, o século XXI abriu a porta com a quântica, a neurociência, universo como holograma, a Física das cordas, mas o desafio é que o ser humano e sua consciência estão no centro e não é só em filosofias, porque as possibilidades estão em cada minuto do nosso quotidiano.

Podemos não tomar a pílula vermelha do Neo da Matrix, mas pelo menos não tomemos a azul.