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sábado, 17 de janeiro de 2015

Sexo, Altos-e-Baixos, fidelidades e infidelidades

ref.- Blog: "Sexo, Dança do varão, Kamasutra e Tantrismo", de 24Dez14 clickar aqui

...acções de rotina não nos transformam,
são um vazio de aborrecimento.

(parafraseando Osho)

A antropóloga Helen Fisher* pesquisando 58 culturas, encontrou um padrão relativamente generalizado em que, após 4 anos de vida em casal, a separação era normal. Se a separação não existe, os dias "off" aumentam em quantidade e em intensidade, criando situações relacionais bastante diferentes da que tinha originado a motivação para o casamento.
* - "Anatomia do amor: história natural da monogamia, adultério e divórcio", Helen Fisher, Publicações D.Quixote, Lisboa 1994.

Nas sociedade e na conversa sobre estes "estilos" on-off do casamento, a redução dos dias "on" e o aumento dos dias "off" é considerada normal, uma espécie de inevitabilidade, um mecanismo psico-biológico semelhante ao envelhecimento, uma degradação natural de relações, de perdas de interesse e novidade, assim, o  apoio familiar e de amizade é um comentário do estilo aceitação e sujeição: 

-"É assim mesmo, ...nada a fazer, ...é a vida...

ou como dizia a minha avó, lembrando sabedoria antiga, "depois dos brincos vêm os chorincos".

Esquecendo condicionamentos e circunstâncias individuais é de salientar que a existência desta "normalidade" do divórcio abre uma área de negócio com elevado nível de facturação.
Dá trabalho a muitos profissionais, desde advogados, tribunais, detectives de caça a infidelidades, fotógrafos, jornalistas especializados em "fofocas", jornais, revistas, Tv's e ainda mudança de casas (venda, aluguer, transporte), mobiliário, terapeutas, ...etc, sem contar com os actos de casar, banquetes, festas e prendas.
Em 1.000 casados se cada cônjuge tiver 3 divórcios são 7.000 festas de casamento. Uma felicidade conjugal sem a dinâmica do divórcio iria baixar muito o PIB nacional.

Comparando esta relação com outras, amigos de bairro, escola ou trabalho, profissionais ou não, estas são muito mais estáveis e com menos dias "off". Um dos principais argumentos para a diferença é o maior  tempo de convivência pessoa-pessoa no casamento. 

Porém se fizermos contas, o período mais longo de convivência são as relações de trabalho que incluindo almoços em comum, e às vezes transportes, chega a cerca de 10 horas/dia. 
Considerando 8 horas para dormir e 2 horas para higiene e afazeres caseiros, 1 hora conversar com os filhos e família, etc, para o casamento restam apenas 3 horas. 

A questão que se coloca é como se gastam essas 3 horas/dia em comum. Entre o jantar, algum tempo de lazer (TV, filmes, teatro, ler jornais, revistas, etc) e conversas tipo "banalidades de base", o tempo rico de convívio será apenas cerca de 1 hora, caso não sejam sonâmbulos e conversem e/ou actuem a dormir.

A questão interessante é saber como é que essa hora de convívio origina uma tão nítida diferença das  relações sem esta degradação padronizada (vide a antropóloga Helen Fisher). 
Qual será o "bug" que acontece nessa hora, e que não acontece nas outras relações mais estáveis, tendo tal influência no resto da vida em comum a ponto de provocar  divórcios?

Há uma resposta fácil e de prova difícil: é o sexo, pois só ele é a pequena-grande diferença de todas as outras relações sociais.


Porém, raramente ele é colocado na ribalta e apontado como principal responsável, pelo que deduzo que a sua interferência deve ser tipo "undercover", mas do género "emmerdeur", uma espécie de "Tulius Detritus" da Zaragata do Asterix.




Sexo e Biologia

O raciocínio permite requintar a alegria e o prazer
Epicuro

Na linha do pensamento de Epicuro, parece que a espécie humana tem a capacidade de compreender programações não-conscientes e conscientemente tomar decisões para obter benefícios para além dos programados.

A problemática do SENHOR e SERVO

Num laboratório dois cientistas conversavam, explicando o residente ao recem-chegado as experiências feitas com um rato:
- "Eles são animais muito inteligentes, ...só com um dia de trabalho ensinámo-lo a pedir comida tocando a campainha!
Dizia a rato para o rato recem-chegado, olhando os cientistas :
- - "Eles são animais muito inteligentes e obedientes, ...só com um dia de trabalho ensinei-os a darem-me comida quando quero, pois toco a sineta e pronto... obedecem e aparecem logo com ela!

No mundo das inter-relações "senhor e servo" os poderes têm vida complexa, sendo atravessada por estratégias de agendas clandestinas e armadilhas subtis em que uma aparência senhor-servo na prática poderá ser servo-senhor. Talvez seja o caso do sexo.

Na actividade sexual há dois mundos em jogo: o indivíduo e a espécie:

No ponto de vista da indivíduo, ele possui genes que o servem, mas no ponto de vista da espécie os genes possuem um servo (o indivíduo) que os serve para transportar e garantir a "imortalidade". 

Na verdade, todos nós temos pais, avós, bisavós... antepassados que ao longo de séculos foram morrendo mas fizeram a sua obrigação: possibilitaram que os genes continuassem sem desaparecer, nós somos a prova disso e continuaremos a garanti-lo para o futuro.

Para isto acontecer os genes têm uma estratégia com duas tácticas complementares que pressionam os seus "servos" a continuarem o trabalho. Elas estão instaladas em dois scripts (programações) em formato semi-automatismo, o Acopulamento (mating) e a Ligação-Afeição (bonding), ou seja:

1-  Acopulamento (mating) - é a técnica de obter um número máximo de fertilizações possíveis, com o objectivo de maximizar quantitativamente as probabilidades de sobrevivência. Na prática o slogan da espécie é [...muitos orgasmos e muitas fertilizações por indivíduo].

Esta técnica é complementada com a diversificação dos pares fertilizados no sentido de aumentar qualitativamente as alternativas das fertilização. Na prática o slogan da espécie é [...muitas fertilizações em pares diferentes].

A base biológica desta estratégia é a lógica de maximização de recursos de ambos os parceiros visto que um bom resultado exige necessidades operativas diferentes para cada um. Na verdade, o parceiro macho tem necessidade de 7 segundos (ou menos) e o parceiro fêmea precisa de vários dias ou meses de gestação (consoante as espécies).

PS - Esta diferença é importante pois na selva, perante o ataque de um predador, a fuga tem que ser rápida para ambos, pois sexo prolongado tem riscos de vida. Na civilização pode ser o tempo disponível da subida dum elevador ou de impaciência da fila de espera para o WC num avião, pois a demora tem riscos de ineficácia (i.é. a técnica da rapidinha é importante)

A recompensa instituída é mesma para ambos os parceiros, ou seja, é a de ficar adito de uma descarga electro-magnética nos sistema nervoso, conhecida por orgasmo, após o qual a relaxação e o abandono aparecem, com a frase usual -"I am done, I am OK" (consoante o idioma) mas que, se não for expresso, os participantes costumam perguntar.

O orgasmo, cuja base operacional é o cérebro onde ele pode ser provocado por estimulações eléctricas, é uma recompensa-prémio tendente a pressionar mais fertilizações em mais que um parceiro, com a consequência de originar alternativas diferentes de combinações genéticas.

Outro aspecto interessante é o chamado Efeito Coolidge (Dictionary of Psychology, A.Reber, E.Reber, Penguin, UK),

... cujo nome vem de uma velha piada do Presidente dos USA, Calvin Coolidge que, um dia, acompanhado pela Sra. Coolidge foi visitar uma quinta experimental estatal.
O casal separou-se e a Sra. Coolidge ao passar pelo galinheiro viu um galo em permanente actividade de acasalamento pelo que perguntou quanto tempo aquilo durava. A resposta obtida foi que eram "dezenas de vezes todos os dias".
Então, ela pediu que quando o Presidente ali passasse lhe dissessem isso, o que foi feito.
Curioso, o Presidente perguntou se era sempre com a mesma galinha e a resposta foi que não... que "era sempre com uma galinha diferente". 
Então ele pediu que dissessem isso à Sra. Coolidge quando ela regressasse.

Uma experiência laboratorial do Efeito Coolidge

o "mating" em acção
Numa caixa, quando um rato é colocado junto de uma fêmea "receptiva" ele entra rapidamente num frenesim de acopulamento.
Passado algum tempo o "fogo" apaga-se e ...exausto, deita-se, repousa, ficando apenas interessado em si próprio.

Contudo, se uma nova fêmea "receptiva" entrar no recinto, a exaustão desaparece milagrosamente e tenta uma nova fertilização.
Não é uma questão de Ego, virilidade, libido ou bem-estar pessoal, simplesmente alguns neuro-químicos (oxytocin) invadiram o cérebro com a ordem [...não deixar fêmeas por fertilizar].

(ver “Effect of Novel and Familiar Mating Partners on the Duration of Sexual Receptivity in the Female Hamster,” G. Lester, B. Gorzalka,  in Behav. Neural. Biol., May 1988)

o "bonding" em acção
Na prática, o cio [...é a época da fertilização...] com intensa actividade e alternando parceiros, excepto para os humanos para os quais apenas 10% (ou menos) dos acopulamentos têm intenções reprodutivas.

Pelo contrário o chimpanzé-bonono que, com 98,7% de proximidade genética com os humanos, é o seu parente mais chegado e muito parecido nos scripts sexuais, pois usa o sexo também como actividade frequente para solução de conflitos e construção de harmonia, na linha do "bonding" (ligação/união), ou seja, não é só para reprodução.

Em resumo, o mating é um script tendente a pressionar tantas fertilizações quantas as possíveis e com vários parceiros diferentes de modo a criar sucesso por muitas combinações genéticas alternativas.

2-  Ligação-afeição (bonding) - porém há outro factor em causa pois o recem-nascido portador dos genes precisa de um útero social que o proteja, alimente e lhe permita o desenvolvimento necessário à sua autonomia, portanto surge a necessidade de afeição, cuidados, partilha, comunhão, confiança e harmonia, o que é comum a todas as espécies (e até inter-espécies) da galinha aos humanos.

A par do mating (acopulamento) produtor da nova cópia dos genes, existe também um outro script - bonding  (ligação-afeição) - produtor de um contexto (um kit) de sobrevivência para os primeiros tempos.


PS- Talvez o padrão dos 4 anos encontrado por Helen Fisher e o modelo tribal em que toda a tribo tem a responsabilidade da sobrevivência de toda e qualquer criança, seja uma expressão prática deste script.
No século actual, quando alguns governos com modelos economicistas retiram apoios técnicos e económicos às crianças para o sucesso da sua sobrevivência talvez signifique apenas que têm este script estragado.
Obs: Seria de lhes aconselhar um estagiozito com os chimpanzés-bonono??

O script bonding procura o equilíbrio, harmonia, intimidade, "entransamento" e ao contrário do script mating que é uma espécie de DPO (Direcção por Objectivos) em que tudo são recursos para obter o resultado - "I am done"- do qual é adito, o bonding vive da intensidade do momento, do fluxo de trocas, do equilíbrio de dádivas e recepções, da igualdade e interdependência dos parceiros.

Como lembra o Taoísmo [...sem foz para receber a água o rio não tem caudal, estagna...], o par sexual é uma igualdade e complementaridade de poderes e forças em que [...cada um é o que o outro consente e propõe...], bem expresso no símbolo ying yang com a complementaridade "recepção-dádiva":

Equilíbrio dádiva-recepção
em que ambos estão activos e em que a potência da recepção provoca a potência da dádiva e vice versa, e se um bloqueia (fica em zero zero) o outro perde capacidades. 
Como se verá em "happening love", quando há uma perda de erecção a solução, segundo a perspectiva taoísta e tântrica, não é mais ou menos Viagra a pressionar o mating, mas sim provocar, pelo bonding, o aumento da intensidade bio-magnética da recepção feminina que ao fomentar o aumento da dádiva resolve o problema (ver Kamasutra: soft penetration).

A dança "mating-bonding"

Se bem que as características individuais, desde traumas antigos a traços de personalidade passando por influências contextuais, condicionem o par sexual, todavia a coluna vertebral do relacionamento é a dinâmica "psico-biológica"de  dois scripts, em que um [...é garantir a sobrevivência dos genes pela procriação (mating)] e o outro [...é garantir apoios na fase de não-autonomia pela harmonia, segurança e partilha de afeições-intimidade (bonding)]

No caso dos humanos, dada a sua capacidade de compreender e utilizar programações pré-instaladas, a manipulação destes dois scripts permite que o sexo humano adquira alternativas, umas negativas (violações, prostituição,Taking love..) outras positivas (Making love, Happening love, terapia sexual para casais,...) , todas muito diferentes das convencionais de sua e de outras espécies.

À diferença de culturas ocidentais viciadas no mating, i.é. sexo para procriação, as culturas orientais focalizaram-se mais no "bonding",  i.é. sexo para harmonia e desenvolvimento, como o Taoísmo antigo com o Hua Hu Ching*, ensinamentos atribuídos a Lao Tseu, o Tantra sexual, Kamasutra, Yoga sexual, etc.
* - Hua Hu Ching: "The Unknown Teachings of Lao Tzu, Brian Walker", S. Francisco, USA, ed Harper, 1992,
"Taoist Secrets of Love", Mantak Chia , Michael Winn, Ney York, Aurora Press, 1984,
"Healing love throughThe Tao", Manewan Chia, New York, Huntington, 1986



Nesta dinâmica complexa, torna-se necessário diferenciar alguns conceitos semelhantes para a sua utilização eficaz: 

 - Emoções não são "Sentires" 
(sentires = "feelings" na perspectiva de sensações sentidas e não de sentimento, estado de espírito resultante. São factos não valores)

Emoções
Maria: -"Estás sempre a..."
Manel: -"Tu nunca me..."
Maria: - "Sinto-me sempre esquecida..."
Manel: - "Nunca falas comigo..."
Sentires
Maria: -"Estou incomodada com..."
Manel: -"Estás muito atenta..."
Maria: - "Esta situação agrada-me..."
Manel: - "Estou sentindo-me bem a conversar..."

Há várias diferenças entre sentires e emoções mas quatro indicadores são bem característicos.
Nas emoções os verbos estão no passado, normalmente são acusações (julgamentos em que o nunca e o sempre são vulgares), lutam por regras e directrizes e falam do outro(a) em relação a si.
Nos sentires os verbos estão no presente, normalmente não são acusações (não há julgamentos), não há regras num directrizes mas sonhos e desejos, esforçam-se por sintonias e falam si em relação ao outro(a).

Segundo Osho, as emoções são sentires do passado, não expressos e acumulados na memória e que explodem na situação presente, contaminando-a até eventualmente com deturpações acrescidas.
Os sentires são sensações do presente e expressas no presente que criam confiança, intimidade e harmonia e formatam as situações no pulsar do presente vivido.

A nível do estado de espírito provocado, as emoções arrastam tensões corporais, dificuldade de olhar o outro, isolamento, olhar vago e fixo, intensa argumentação-defesa-ataque, dúvidas, negatividades, sentimentos de incompreensão e o desafio de QUERER MUDAR O OUTRO.

Os sentires originam um estado de espirito diferente feito de relaxação, contacto visual, conexão, construção de sintonias, sentimento de compreensão, certezas e positividades e o desafio de SE TRANSFORMAR A SI PRÓPRIO.

Os sentires são o universo dos namoros adolescentes e adultos (dating), da lua-de-mel, do making love, do happening love e principalmente do script bonding. As emoções são o universo das rotinas da lua-de-fel e de formas primárias do script mating.

 - Intimidade

A intimidade refere-se a um mútua posição de Presença, i. é., ser uma "dupla conexão" (double bind) sensitiva, por exemplo, [...numa carícia sentir simultaneamente o que é tocado e a mão que toca], ou seja, o conhecimento e a consciência fazem parte da carícia. Uma experiência:

[...neste momento pense no seu pé, sinta-o e sinta a meia, o sapato e o chão...]

se o fez, a entrada da consciência nessa sensação já existente mas não-consciente provoca o double bind de sentir o que é tocado e o que toca (mão, pé, corpo, etc), sendo essa a essência da intimidade, pois ela não é acontecer com uma espécie de "instrumento mecânico" que se passeia por uma superfície reconhecendo-a, mas desconhecendo-se a si próprio.

A intimidade (Tantrismo) exige 3 factores: consciência, relaxação, presença e pode existir em 3 níveis:

Intimidade corporal 
Intimidade emocional 
Intimidade de sentires

Por exemplo, na prostituição pode existir intimidade corporal com ou sem double mind (i.é. mecânica ou não) mas, normalmente, sem intimidade emocional e/ou de sentires, pois as/os profissionais reservam isso para os seus pares na vida real. 
Os clientes por sua vez, normalmente, nem sequer sabem-pensam o que isso é, são apenas servos obedientes do script do mating.... o mesmo acontecendo no taking love e no doing love.

 - Acção e actividade

Segundo Osho a acção é um acto que se dirige ao futuro, transformando o presente, enquanto que a actividade é um acto que vem do passado e se repete no presente, sendo esta a essência da rotina.

Como é lógico a acção implica consciência, enquanto que as actividades podem dela estar isentas. A grande diferença da lua-de-mel para a lua-de-fel é que a primeira é preenchida por acções e a segunda por actividades.
Por essa razão, quando o casamento perde "fogo" a solução mais vulgar são férias e mudar de ambiente, ou seja, há uma sabedoria intuitiva na solução, simplesmente depois, no novo contexto de acção acabam por acontecer apenas actividades, pelo que o resultado ou é nulo ou ainda fica pior pelas expectativas defraudadas.

Modelos de "mating-bonding"

O amor é instável, está cheio de flutuações,
mudar de par resolve o problema e o problema regressa!

Considerando as relações entre os dois scripts, alguns modelos podem ajudar a "arrumar" ideias sobre as flutuações da vida sexual, os "altos-e-baixos" da fidelidade-infidelidade e os "dias-bons-dias-maus" da vida não-eremita.

 Taking love

Com duas versões, uma mais regressiva a da violação que, em certos casos institucionais, é chamada legalmente "deveres conjugais", e outra mais progressiva no formato doing love, mas na prática a dinâmica é a mesma, ou seja, é uma cópia quase integral da estilo CIO das espécies não-humanas com um bonding praticamente inexistente e um mating de carga rápida e uma descarga ainda mais rápida.

Há uma situação interessante que é quando a descarga acontece antes da carga total que, no ponto de vista científico, na saúde se chama ejaculação precoce; no ponto de vista económico, na prostituição chama-se trabalho eficaz; no ponto de vista pessoal, na crise matrimonial chama-se uuufff!!! para ambos os intervenientes.


Making love

É um formato muito comum e traduz-se por uma subida em paralelo da intensidade do mating e do bonding seguida por uma descarga rápida (os 7 segundos) do mating e outra mais lenta do bonding que nos velhos tempos era acompanhada por um cigarrito.


Há algumas variantes interessantes:

#  - Quando o taking love é executado com o modelo making love o(a) predador(a) usa maneirismos do bonding (palavras doces, gestos festinhas, esgares sedutores, etc) para conseguir que um bonding intenso arraste condições de mating, ou seja, a subida é em paralelo mas o bonding vai à frente a puxar, apesar de ser mistificação.

 - Quando por razões de alterações hormonais o mating está muito activo poderão aparecer maneirismos tipo bonding (os chamados preliminares) rapidamente vividos e ultrapassados, cliché usual em filmes "sérios" com a roupa a ser abandonada. Em resumo, é uma subida em paralelo com o mating à frente e o bonding a correr atrás dele para não ser abandonado, transformando-se assim em taking love.

 - A distância temporal entre a queda das duas curvas (elemento Ω na figura), ou seja, a diferença entre a rapidez do mating e a lentidão do bonding num e noutro parceiro indica o modo como ambos viveram os momentos, ou seja, mais ao estilo quick sex (rapidinha)  ou ao estilo slow sex (calminha).

Happening love

Com características orientais (Taoísmo, Tantra, Yoga, Kamasutra, etc) é um modelo pouco comum dentro do sexo convencional ocidental.
Basicamente recusa a Gestão por Objectivos do resultado a obter e focaliza-se na Presença no Momento, ou seja, utiliza a energia do mating, mas centra-se no bonding com suas energias subtis.


O inicio pode ser semelhante ao making love mas sem ser um bonding mistificado e que continua por um mating a 1/2 ou 2/3 da intensidade e um bonding a 100%. 

A intenção de alcançar o resultado da descarga do orgasmo ( -"I am done") não se coloca, pois [...não há resultado a obter, apenas momentos de sintonia e intimidade a viver...] e normalmente a intimidade corporal não é a mais intensa, pois a emocional e a dos sentires é que são as fundamentais.
Numa palavra, é a situação vulgar existente num dating (namoro de adolescentes ou adultos, simplesmente com maior intensidade de mating.
A sua essência não é a excitação mas a estimulação oriunda de uma intimidade nos seus três níveis, corporal, emocional e sentires.

Segundo o Tantra 4 factores são necessários: Intimidade, Relaxação, Presença e Consciência.
Ao fim de algum tempo, com uma excitação a 1/2 ou 2/3 e uma estimulação global e intensa, é normal a perda de erecção mas a solução, não é Viagra, é sim intensificar o bonding e usar técnicas de soft penetration (ver kamasutra, tantra sexual, etc) sem fazendo movimentos e com intensa intimidade e relaxação. 
A intensificação da recepção e da dádiva (vide anterior figura do ying-yang) aumentará o fluir do bio-electromagnetismo que tornará tudo normal e o happening love poderá continuar em estado de espirito  amoroso (estilo lua-de-mel) mesmo depois de tudo acabar*.
Não existe [ "I am done"] nem [altos-e-baixos] caracterizados pelo abandono, afastamento e "quero estar só" existentes nos vulgares intervalos até à próxima vez.
* ver teorias Taoistas.

Segundo o Taoísmo, os efeitos do orgasmo que é um produto do cérebro também obtível por estimulação eléctrica no córtex duram, não 7 segundos com a queda consequente mas sim, horas e expandem-se durante dias.

Qualquer semelhança deste modelo com o sexo convencional ocidental é o mesmo que comparar a acupuntura com drogas farmacêuticas, todavia há séculos de experiência de pessoas com drogas e pessoas com acupuntura ambas com êxitos e fracassos ...e as fé's continuam.
A questão fundamental é o hábito da espécie humana (alguns, não todos... excluem-se os velhos do restelo) de [...entrar pelo impossível para encontrar o possível], posição também assumida por animais que conseguem evoluir:

Japão: ninho de corvos
feito de cabides metálicos
Divórcio

Os divórcios, não são por diferenças de personalidade as quais já existiam no dating (namoro da juventude à velhice) e na "lua-de-mel", são por gradual deslizar para a igualdade no e grande uso do mating script e no pouco uso do bonding script, o que não acontecia no início.

Na prática, assistindo a situações inter-conjugues na época do divórcio verifica-se que nada têm de "bonding", pois são apenas lutas, discussões e agressões constantes... intervaladas com sexo do estilo zombie ou taking/doing love ou sado-masoquista.
Lua-de-mel e Lua-de-fel
A "luta" contra a infidelidade não é feita em contra-mating por técnicas policiais de bloqueio ou de controlo e fiscalização, nem sequer por técnicas de mating procurando apresentar-se como novidade (Efeito Coolidge) mediante plásticas corporais ou psicológicas, por ex., passando de estilo hippie a conventual ou de futebol a danças de salão. 

Não é uma questão de negociação de regras utilizando o mesmo estilo de relação, mas de alteração do estilo de relação passando de mating a bonding, pois o mating não é transformante (por muita criatividade que se tente) e acabará sempre em rotina, enquanto o que o bonding (intimidade existencial com outro serpor essência é transformante, pois [...o indivíduo nunca é igual a si próprio em cada segundo de vida].

Na verdade, a solução está em potenciar e intensificar o script bondingnão se deixando dominar por emoções, com críticas ao passado: - "Tu não comunicas, não me ligas, não me ouves...", e tornar os sentires reais e actuais: "- Sinto-me bem de ouvir, é bom estar aqui a conversar, não me apetece ir embora...". 

[...a Fidelidade é a chave da alegria e prazer pela intensificação da harmonia, sintonia, bem-estar e transformação contínua do viver um "bonding" pleno de experiências, intimidade, sonhos e desejos já partilhados e interiorizados que dependem de tempo para se enraizarem...] 

e cujo horizonte não tem limite pelo que, na perspectiva do bonding script,...

[...a solidão ou a troca (swapping/swinging) são noites escuras substituindo dias luminosos...]


Para terminar


O Adão e a Eva... coitados... nem sabiam onde se iam meter porque isto de andar a brincar com os scripts dos neurónios não é fácil.

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