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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Preparar crianças e jovens para a democracia



Não é verem debates das Assembleias e treiná-los a argumentar e destruir as ideias dos outros 

MAS SIM 

ensiná-los a fluir e "surfar" na ideia do outro, dando continuidade lógica.

A questão base é que a Democracia não é lutar é integrar!

Experimentar o jogo IMPOSSIBILIDADE POSSÍVEL com amigos ou na familia é uma experiência divertida e às vezes com resultados surpreendentes.

1º- Alguém propõe uma "IMPOSSIBILIDADE POSSÍVEL", por exemplo: "E se o meu cão fosse um cavalo?" 
2º- A sequência deve ser uma consequência lógica e provável: "Se o meu cão fosse um cavalo, ia montado para a escola"
3º- Outro continua…"Se o meu cão fosse um cavalo, ia montado para a escola e tinha que levar água e palha".
4º- Depois…"Se o meu cão fosse um cavalo, ia montado para a escola, tinha que levar água e palha e no recreio passeava com ele".
5º Depois…"Se o meu cão fosse um cavalo, ia montado para a escola, tinha que levar água e palha, no recreio passeava com ele, mas se não pudesse levava o meu gato para brincar com ele".
6º Depois...etc etc

Todos ganham quando todos tiverem uma sequência, podem conversar e ajudar-se, mas cada um só pode dizer uma. Ou todos ganham ou todos perdem.

A doença da democracia é a perda da capacidade de surfar nas ideias do outro e ambos terem prazer nisso.


segunda-feira, 12 de setembro de 2016

A construção civil e a Escola



Mais cedo ou mais tarde, um prédio mal feito desaba e uma aprendizagem mal feita também. 
O que quer dizer mal feita?  Quer dizer com “bugs”!!!... 

Qual é a lógica?

Na construção de um prédio as inspecções de qualidade em cada étapa deram 90%, 70% e 80% e ele foi aprovado como licenciado, pois não teve nehuma inspecção menor que 50%. 
Tempo depois, as diferenças para os 100% (10%, 30% e 20% ) isto é, as imperfeições (bugs) existentes, “encaixaram-se” e o prédio desabou por falta de suporte (vide gráfico inicial).

Nos 3 anos de Escola do João, ele passou a Matemática com 90%, 70% e 80% ficando aprovado para frequentar os anos seguintes. 
Daí em diante, nunca mais passou dos 50% porque os “bugs” (impefeições) de 10%, 30% e 20% dos anos anteriores bloquearam as compreensões e as aprendizagens dos anos seguintes por falta de suporte.

Que raio de lógica ilógica é esta???? 

O problema da passagem para o nível seguinte de aprendizagem (vulgo passar de ano) não pode ser feita medindo eventuais percentagens de saberes, mas sim detectando e resolvendo as percentagens de não-saberes, quer detectadas no teste quer as que ele não detectou. 
Um teste é como um diagóstico médico, ele não pode ser um julgamento de aprovar ou reprovar, tem que ser um filtro para apoiar o desenvolvimento.

Por experiência pessoal ao apoiar jovens a estudar para preparar testes, pedia-lhes para com postits marcar as folhas da matéria a estudar com “SEI (!), NÃO SEI (?) e ASSIM ASSIM(?!)”. 
Todos conseguiam fazer, excepto os que (por trauma??) desconfiavam da lealdade das propostas de adultos. 
Na verdade é fácil estar enganado no que se sabe, mas é dificil enganar-se no que não sabe.

Adorava e divertia-me ajudá-los no urgente (“safarem-se” nos testes) mas depois amava e respeitava ajudá-los no fundamental que me tinham desvendado (acabar com os “bugs”). 
Normalmente, eles eram mais “implicados” no fundamental que no urgente. É a normal diferença entre o “sério” e a “fantochada”... sente-se sempre na pele.

Porque raio se usa ainda esta ilógica com os jovens????


Com base em Khan Academy

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Burkini e Democracia... em português simples


Li na comunicação social várias opiniões (pró e contra) sobre o uso do Burkini. Abanado com teorias e citações clássicas, modernas, estruturais, circunstanciais e assim-a-assim, quase fiquei com direito a uma "Licença Universitária" (vulgo Licenciado) em Filosofia Política.
Porém, para me entender nas minhas opções, tentei pensar simples. Comecei com duas perguntas:

1) Qual é a igualdade e a diferença entre um burkini e um bikini?
Ambos servem para tomar banho mas o burkini é de uso obrigatório por repressão exterior e o bikini é   expressão interior por autonomia pessoal.

2) Qual é a igualdade e a diferença entre o emblema do Benfica no casaco de um cidadão e a estrela amarela no casaco dos judeus durante o nazismo?

Ambos servem para simbolizar uma pertença mas o emblema do Benfica é expressão livre por autonomia pessoal e a estrela amarela é uso obrigatório por repressão exterior.

Portanto, parece que a questão não está nas diferenças dos objectos em si (bikini-burkini e benfica-estrela amarela) nem no seu uso mas sim na diferença do motivo porque se usam.

Na verdade, não nos deixemos enganar, a questão do burkini não é tomar banho vestida pois até o pode fazer embrulhada numa manta...  NINGUÉM SE IMPORTARÁ se for livre de não o fazer. A questão é estar ou não obrigada a fazê-lo.

Huau... então, como cidadão, parece que não me devo preocupar com o problema "burkini" mas sim com a repressão ou liberdade que está por detrás do seu uso.

Resolvi pensar numa analogia simples.

Imaginei que, em 1940 no Reino Unido, certos grupos "clandestinamente" obrigavam os judeus a usar a estrela amarela na roupa, com o argumento que essa roupa era desenhada por designers de moda.

O que faria a Democracia Britânica? Permitiria, apoiaria e defenderia este uso por ser o direito individual de livre expressão democrática? Seria possível consentir que, "às claras", a liberdade democrática fosse usada para garantir anti-democracia?

Conlui que esta hipótese seria IMPENSÁVEL acontecer na sociedade britânica!!!

Então o problema é o burkini ser um símbolo e um instrumento de repressão anti-democrática. Então pensar a opção fazer, resume-se a pensar, como cidadão, CONSINTO ou NÃO CONSINTO? E não sendo governo, politico, comentador, etc, hoje as redes sociais podem levar as vozes à opinião colectiva.

Em termos simples, a responsabilidade da posição a tomar poderá ser clarificada com a resposta à pergunta:

Sabendo hoje o que aconteceu em 1940, nessa época responder-se-ia SIM ou NÃO ao consentimento das estrelas amarelas nos judeus?

E já agora, qualquer que seja a resposta, convém não esquecer que a escolha feita condicionará a sociedade em que os filhos e netos irão viver.

 Foi um alívio... realmente Burkini e Democracia estão intimamente ligados.

PS - Esta união aparece noutras situações.
Na violência doméstica, o facto do conjuge não querer sair, e querer continuar a levar pancada, não a transforma em carinho. Repressão é repressão e a liberdade de bater no conjuge não faz parte da liberdade democrática.
O facto de querer levar um tiro (suicídio) não dá ao atirador a liberdade democrática de o fazer. O escravo que quer continuar escravo (USA: casos libertação escravos) não dá ao outro a liberdade democrática de ser seu proprietário.
Dizer que a Democracia dá o Direito de Falar... é verdade, mas é bom não esquecer que a Ditadura também dá... desde que fale a favor.

Não se deve misturar "alhos com bugalhos".